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Secretário diz em evento da Fundação que matriz energética brasileira tem participação renovável muito expressiva no mundo

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Agregar conhecimento e trazer as últimas tendências do setor elétrico brasileiro. Esse foi o objetivo da Fundação COGE na organização do XVIII Seminário de  Planejamento Econômico- Financeiro do Setor Elétrico – SEPEF, entre 26 a 28 de outubro de 2015.  Cerca de 180 pessoas de 43 empresas participaram do evento. Em virtude das grandes transformações que estão em curso no setor elétrico, o seminário buscou atualizar e se aprofundar nos principais temas econômico-financeiros pertinentes ao setor esclarecendo e debatendo pontos essenciais para que os profissionais estejam por dentro de todos os aspectos que influenciam as finanças das empresas. Alguns assuntos como: gestão de risco na comercialização de energia, comercialização de energia e seus aspectos regulatórios e desempenho das ações de empresas no setor elétrico brasileiro permearam as dezenas de palestras expostas nos dois dias de seminário. Além disso, painéis foram apresentados para debater ideias e soluções para o setor elétrico brasileiro. Analista de Regulação da Copel, Wilson Koprik falou da importância do evento para os profissionais que trabalham em empresas ligadas ao setor de energia. “São temas atuais e relevantes para o momento. Os polêmicos, geram discussões. Essa divergência de idéias é relevante para termos  melhorias no setor energético do país. As pessoas devem conhecer mais o seminário”, comentou Koprik,  que fez parte da comissão organizadora.

O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho enalteceu a tradição da Fundação COGE em atuar nessa área. “As questões financeiras e econômicas são básicas no setor elétrico já que os empreendimentos são de alta capitalização e demandam um longo prazo de maturação. Então, as discussões desse processo dentro um seminário patrocinado pela Fundação são evidentes”. O secretário foi um dos palestrantes do 1º Painel que abordou a sustentabilidade do setor. Altino disse que uma das questões fundamentais para a expansão do sistema elétrico brasileiro é o financiamento. “O grande desafio que o Brasil tem é financiar esse programa que cresce a um ritmo muito acelerado”, ponderou o secretário acrescentando que em relação às energias renováveis, o país é uns dos laboratórios mais completos em relação às novas renováveis. “Temos a biomassa, a eólica, que está se desenvolvendo muito rápido, e atualmente é a segunda fonte de competitividade, só perdendo pras hidrelétricas. Ainda há a solar, que estamos iniciando. Essas são fontes que complementam nosso sistema hidrelétrico. Nossa matriz já tem uma participação renovável muito expressiva em comparação ao cenário internacional. A médio e a longo prazos vamos ampliar a expansão das fontes renováveis fazendo com que a nossa matriz seja  cada vez mais limpa e sustentável, emita baixa quantidade de CO2 e contribua para as questões relacionadas às mudanças climáticas”, concluiu.

Diferentemente do cenário extremamente positivo sugerido pelo secretário Altino, o presidente da Ilumina, Roberto Araújo criticou o preço da energia cobrado pelo governo brasileiro. “O investimento em outras energias sem ser a hidráulica é muito pequeno. Pagamos 30% de energia a mais da média das cidades americanas somadas. O déficit sobre o sistema hidráulico chega a R$ 30 bilhões. O Rio São Francisco, que guarda 18% das reservas, pede socorro há 20 anos. Temos que rever nossa utilização da água”. Araújo deu o exemplo de uma casa onde a família continua a consumir a mesma quantidade de água há anos apesar de o volume dessa água diminuir na caixa d’água que abastece as torneiras. O presidente da Ilumina aproveitou para elogiar o seminário.  “A Fundação COGE está com a faca e o queijo na mão. Nós estamos num momento de crise que  precisamos de um momento como esse. Aqui teve consumidores livres, produtores independentes  e comercializadores. A nossa visão é alternativa. Isso é excelente".

A economista e advogada ligada às questões do setor elétrico brasileiro, Elena Landau citou a os problemas no setor elétrico. Ela pede um primeiro passo para que a crise seja superada. “A medida provisória 579 foi como a bomba de Hiroshima. Destruiu o setor. O governo agora tem que admitir o erro que foi aprová-la e olhar para o futuro e pensar em sustentabilidade. Temos que respeitar as leis econômicas, acabar com os gargalos de linhas de transmissão, resolver Belo Monte, Jirau, etc. Se os problemas financeiros forem resolvidos, as empresas vão voltar a investir”, observou.

No 2º painel, o expositor Marcelo Mello, sócio da MMA Advogados, consultor e parceiro da Fundação Coge, destacou a importância dos aportes da China no setor elétrico brasileiro. "De 2005 a 2012, o Brasil recebeu US$18,2 bilhões, representando 70% do montante total que foi investido no país no período, de acordo com o relatório da Agência Internacional de Energia. Hoje, o Brasil ocupa o segundo lugar em destino dos recursos chineses por conta da recente aquisição da canadense de óleo e gás, Nexen. Os segmentos eólico, de transmissão e de petróleo são os maiores responsáveis por receberem esses recursos. Foi em 2009 que a China tornou-se o grande parceiro comercial brasileiro, devido a acordos de cooperação energética com a Eletrobras, a Petrobras e entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Tsinghua University. No caso da energia eólica, o Brasil apresenta um grande mercado potencial, mas é visto com uma lacuna no quesito de desenvolvimento e experiência tecnológica".  No 3º painel, mediado pela superintendente de regulação econônomico-financeira de CEMIG, Maura Galuppo Martins, os expositores discorreram sobre a matriz energética brasileira e o custo da energia. “Tentamos, nesse momento de crise, equacionar os problemas que vivenciamos através de discussões saudáveis sobre os temas mais importantes ligados ao setor elétrico", disse Maura.

O superintendente de regulação dos serviços de geração da ANEEL, Christiano Vieira da Silva falou sobre a diversificação dos investimentos do governo nas mais diversas matrizes energéticas de 2014 para 2015. Vieira apresentou um painel que mostrava o aumento do investimento do governo em outras fontes de energia. "A eólica, por exemplo, que era de 2% no ano passado, mais que dobrou esse ano e foi para 4,8%". De acordo com ele, isso tende a aumentar. “Há a necessidade de diversificar a matriz. Podemos comparar a uma carteira de investimentos. Quando se investe em um item e um ativo, você fica com todo o risco concentrado ali. Então se você só investe em fonte hidráulica, se tiver uma escassez hídrica, como estamos vivendo, você vai ficar em situação difícil. Mas se você tem ao mesmo tempo a termelétrica, a hidrelétrica, a eólica e a solar, o risco fica diluído. Não tem vento, mas tem água, se não tem água e vento, e tem sol e gás natural, você diversifica o risco e garante a segurança energética com o risco menor e a um custo mais adequado”.  O consultor Dario Gaspar também ressaltou a importância do Brasil investir em outras fontes energéticas. “O problema hídrico existe e temos que diversificar. No próprio  sudeste choveu muito pouco nos últimos anos. O nosso país é um dos que mais tem potencial  de desenvolver energia solar. Acredito que grandes leilões ligados a energia eólica e de gás estão por vir”, frisou.

De acordo com a chefe de Gabinete da Diretoria Econômico Financeira da Chesf, Maria do Socorro Nunes Gouveia, o seminário é um case de sucesso há muito tempo. “São abordados assuntos que estão em voga no setor, principalmente na questão da regulação e no planejamento futuro. Esse modelo vem dando certo”, afirmou.